quinta-feira, dezembro 13, 2007

Elevadores

19.

Estou pensando no quanto falta. Arquiteto os planos mais friamente fantasiosos que alguém poderia arquitetar. Vai ver é assim. Pra algumas pessoas dá certo e não deve ter sido sem querer. Penso nos esforços, todos eles, juntos, é-isso-aí, vamos-lá-pessoal!

Esse resto de fome, e essa glicose no sangue, deve ser isso. Deve ser o calor, o sangue subindo à cabeça, a caminhada no meio do povão antes do 19º andar.

Deve ser o tempo que eu passo procurando minha chave entre as barras de cereais, os óculos, o celular, as contas, e todas aquelas coisas que eu não sei por que diabos estão na minha bolsa.

Os três litros da água, talvez.

Não me incomodo. Vou arquitetando, andar por andar, com a inexatidão que faria desmoronar todos nós. Toda aquela gente sem nome que divide os quatro metros... quadrados. Eu os penso sinuosos. Eu penso que pelo menos meu andar é ímpar e toda aquela gente sem nome em seus escritórios chatos de advocacia e arquitetura e comércio exterior. Eu penso que finalmente criei a minha própria roda. E ela é bem mais redonda do que a engrenagem que faz subir os 19 andares do elevador.

19.

sábado, novembro 24, 2007

Últimos passos

A vontade de não fazer nada é inversamente proporcional à quantidade de coisas que se tem pra fazer.
Agora, eu ficaria deitada na cama durante duas horas olhando para o teto. Tranqüilamente. Sem nervosismo ou tédio.

Mas falta um capítulo e meio. Faltam dois trabalhos. Três páginas de coisas. Sete minutos institucionais.

Depois, tem que acordar às sete da manhã pra três pessoas julgarem se você aprendeu alguma coisa nesses quatrocincoseis anos de "universidade pública, gratuita e de qualidade". Tem que terminar matérias que pouco tem a ver com o que eu faço ou deveria fazer. Tem que usar uma roupa de pessoa séria pra fazer as pessoas acreditarem que aquilo ali não é o que me deu vontade de fazer, mas um projeto sério.

Tem que fazer contas e pedir aumento porque eu vou ser uma pessoa melhor ainda, por causa de um papel com meu nome. E porque eu preciso pagar tantas contas. Tem que ter um plano B.

Tem que comprar presente pra mãe, irmão, cunhada, sobrinhas, sogra, namorado, amiga e por aí vai. Tem que descansar. Em hotel em uma praia bonita. Porque cheguei na idade de frescurinha.

Tem que provar por AmaisB que fiz a coisa certa. Quando, na verdade, só queria deitar na cama e olhar pro teto, mas você sabe, não se pode ter tudo na vida.

quinta-feira, novembro 15, 2007

conhecimento é uma palavra educada para a imaginação morta mas ainda não enterrada

quinta-feira, outubro 25, 2007

Disappointment for dummies

Pra se decepcionar não precisa ser inteligente, mas ajuda. Não precisa ser otimista, mas ajuda. Não precisa acreditar, mas ajuda. Não precisa ter evidências, mas sempre, sempre ajuda.



quinta-feira, outubro 18, 2007

it's on again, off again, on again

Eu acho trilhas sonoras perfeitas um pouco assustadoras.
A não ser que esteja bem acompanhada.

terça-feira, outubro 02, 2007

Besta;

Talvez porque eu seja meio distraída mesmo, mas às vezes quando eu tô no carro do seu lado, eu olho de repente e parece que ontem mesmo você era aquele estranho legal e engraçado que me passava músicas estranhas e sempre ria quando me encontrava.

E hoje é mais do que metade de mim.

Como é que pode, né? Como pode...

segunda-feira, outubro 01, 2007

Figurinha

Autofágicos imbecis, autofagia idiota.
Quero morar em um lugar onde as pessoas curtam o que é bom, e não só o que é delas.
Jedes Künstlers strengstens grenzenloses Land ist er selbst.

"Nada medível pode estar vivo; nada, que não está vivo, pode ser arte; nada, que não pode ser arte, é verdade; e tudo que é inverdade é uma grande porcaria..."

segunda-feira, setembro 24, 2007

Mistery.

Sometimes
A wind blows
And you and I
Float
In love
And kiss forever
In a darkness
And the mysteries of love
Come clear
And dance
In light
In you
In me
And show
That we
Are Love

segunda-feira, setembro 17, 2007

Café num copo

Eu preciso de pouco, bem pouco, mas o pouco do qual eu preciso às vezes fica longe, bem longe, estico o braço devagar, bem devagar, pra tentar alcançar sem levantar o pó dos móveis dessa sala antiga, bem antiga, que eu encontrei num sonho qualquer.

domingo, agosto 26, 2007

17.08.2002

"Eu queria alguém que não se incomodasse com o fato de eu ter escrito minha vida toda a lápis. Que não tentasse, em vão, entender os espaços em branco e as palavras riscadas. Alguém que me aceitasse com todo meu subjetivismo que às vezes é até infantil. Que quando me visse desesperada por ter perdido um poema não me ajudasse a procurá-lo, apenas me abraçasse. Alguém que não se interessasse pelo meu passado; nem pelo meu futuro. Alguém com quem eu aprendesse a não mencionar o passado. Alguém pra quem eu vivesse. Alguém que não tentasse mudar quem eu sou, jamais. Que não ficasse perguntando o porquê de algumas coisas das quais eu simplesmente não gosto. Que não esperasse que eu fosse sempre a mesma pessoa. Eu queria alguém, que assim como eu, não usasse borracha. Que se preocupasse somente em escrever uma vida cheia de erros, riscos e rimas. E 'eus'. Quantos fossem necessários. E que conjugasse os verbos sempre em qualquer pessoa. Independente da pessoa querer. Porque, no nosso mundo, isso só dependeria de nós. Que tivesse tanto orgulho dos meus erros quanto eu tenho. Ou dos seus. Que achasse minhas piores fotos lindas. Que não se decepcionasse comigo se meu Francês não for tão bom assim. E por achar perfeito o simples fato de eu saber detestar em Francês. Que escrevesse 'eu' sempre com a letra minúscula.

(Alguém que quisesse deitar no meu colo. Me abraçar. Get drunk with me. Cantar. Alguém que nunca tirasse as mangas de cima das minhas mãos pra dar as mãos pra mim. Que me deixasse sozinha, às vezes. Que me deixasse dormindo e que não dormisse demais. Que gostasse de MacDonalds. E que nunca levasse a sério qualquer discussão ideológica comigo. (...))

Que me entendesse, ou não me entendesse, como eu mesma."



Às vezes eu gosto de quem eu era.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Mensalmente.

Todo mês eu escrevo um punhado de números em um papel, e somo, e subtraio, calculo quanto gastarei aleatoriamente, e quanto sobra por dia, e quanto vai ser gasto em sushi e... chega num número x que eu não respeito muito, porque acabo equilibrando, dou um jeito e dá pra viver normalmente e ainda por cima comprar um livro.

Todo mês.
Antigamente eu usava esse mesmo papel pra escrever coisas bonitas.

quarta-feira, julho 25, 2007

Saudade.

Não é um cálculo de proporção, não obedece a nenhuma regra. É um frio no pé que faz o tempo passar bem mais devagar.

quinta-feira, julho 05, 2007

Andar de mochila sozinha à noite na rua sem ouvir música

Passos apressados, gatos perdidos, cinemas fechados, cinemas abertos, quem vai ao cinema, amigos passados, sonhos estranhos, motivos esquecidos, música na cabeça, pressa nos pés, pingado no boteco, palavras perdidas, gatos no boteco, motivos apressados, sonhos abertos, cinemas esquecidos.

quarta-feira, junho 13, 2007

ah.

sexta-feira, maio 25, 2007

I love my baby

Essa música da Nina Simone eu comecei a ouvir mais e não é por causa daquela gata preta esquizofrênica que estraga minhas coisas;
É por causa de um ser humano.

quinta-feira, maio 24, 2007

Super heróis.

Comprei uma jaqueta bem quentinha a preço módico.
Quando saio de manhã, e tá frio pra caralho, eu me sinto invencível.

quinta-feira, maio 17, 2007

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Me deu uma lapiseira BIC 0.7mm pra me deixar feliz mas eu fiquei tão triste quando eu percebi que dela saem as palavras que eu tanto evito





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quarta-feira, maio 16, 2007

Friendly Fire

Com o tempo a gente aprende a acreditar nas coisas inacreditáveis.
E a tolerar as coisas intoleráveis.
Assim, ao pé da letra mesmo.

sexta-feira, maio 04, 2007

Das coisas que não suporto

Tiozinho mal-educado de uma gráfica x, com funcionária ineficiente e incapaz de me passar um orçamento fala:

"Mas minha filha..."

ARGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

quarta-feira, maio 02, 2007

Círculos

Sente por sentir. Fala pra machucar. Duvida por temer. Machuca pra ganhar. Ouve por considerar. Discute pra vencer. Beija por amar. Pára pra entender. Se sente só por sentir.

segunda-feira, abril 16, 2007

Volta

Tudo que sobe, desce.

sexta-feira, março 23, 2007

Mind the gap.

Mind the gap.
Mind the gap.

Mind the gap.

quarta-feira, março 21, 2007

07:00


No I don't really want to die
I only want to die in your eyes
I'm still here below the chandelier
where they always used to read us our rights



Saudade antes de ir.

Sex
23 Mar Encoberto Máx. 11°C Mín. 5°C

segunda-feira, março 12, 2007

WESTERN

- Olha, Jones, vou falar bem a verdade: eu não sei onde foi que eu arranjei tanta mágoa.
Corrosão

É uma dessas coisas que não é menor. É "mais pequena" mesmo. E vai se alastrando e se infiltrando nos espacinhos e nos cantos onde não devia caber mais nada, só o mundo inteiro que a gente inventa quando se sente assim.
É uma fagulha corrosiva que um simples respirar fundo apaga. Mas respirar fundo - eu que o diga - às vezes é a coisa mais difícil do mundo.
É dessas coisas óbvias, e tão óbvias, e tão ridículas, e uma merda tão grande, que dá um mal estar gigante. Por algo tão pequeno.
É o preço que se paga.
Ainda não sei o que estou comprando.

quinta-feira, março 08, 2007

Estrangeira



Eu me lembro que ouvia como uma pessoa normal, sentia como uma pessoa normal e vivia como uma pessoa normal. Um dia, não lembro muito quando tampouco como, eu percebi. Não entendia mais a minha própria língua. Não entendia o que diziam as pessoas ao meu redor, não entendia o que estava escrito nas placas, nos letreiros, nas linhas e nas entrelinhas. Eu parei de entender.
Ouvia os sons indecifráveis e observa os rostos, cheios de mágoa e medo e insegurança e pena e por vezes cheios de algo tão indecifrável quanto aquilo que eu ouvia. Só o ser humano poderia sentir algo assim, uma curiosidade cheia de desejo pra qual não existe palavra. Foi o que eu vi, e nunca conseguiria explicar.
Andava pelas ruas ouvindo o murmúrio silencioso do que não pode ser entendido. Descobri novos rostos, novas expressões, novos sorrisos, novas coisas. Descobri o tempo exato que tudo dura.
Viajei o mundo buscando um lugar onde eu entendesse o que falavam. Não encontrei.
Um dia, aí, não lembro quando tampouco como, eu consegui ouvir o silêncio. É o barulho que faz quando...



quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Amenidades

Estavam hoje pintando as grades das janelas da casa do Dalton Trevisan.

"- Oi, estou precisando pintar as grades aqui.
- Tá certo, sinhô. Qual seu nome?
- Dalton
- Do quê?
- Trevisan.
- Tá bom, seu Dálto. É só passar o endereço que amanhã tâmo aí."


Queria ter roubado eu. Maldição!

domingo, fevereiro 25, 2007

Barulhinho.

Eu tinha feito um texto bem grande falando sobre gatos pra dizer que é um saco ser humano, porque tem tanta gente sem o mínimo de bom senso no mundo.

Mas ía parecer que era um texto sobre gatos.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Das coisas inevitáveis:

Se é importante, eu perco.
Se eu suponho que seja, e ainda não perdi, é porque não deu tempo.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Ação
Reação

Reação
Ação

Que diferença faz?

domingo, fevereiro 04, 2007

Som

Eu não sei se são as ruas pelas quais eu ando, ou as pessoas com as quais eu converso, ou o gosto que tem o vento no final da tarde de domingo, eu não sei o que é assim. Só sei que são muitas coisas. Que são leves o bastante pra ficarem "por ali" no canto da boca pra me fazer sorrir quando eu lembrar.

São as luzes multicoloridas que eu vejo quando fecho os olhos intoxicados por... bem, a culpa deve ser toda sua.

É a vontade que eu tenho de ter que gritar porque a música tá alta demais (e é boa o bastante) pra contar algo que me fez lembrar... você.

É colocar no fast forward, não pra ir rápido, só pra passar mais bonito e combinar com a trilha sonora. É parar tudo e pintar teu cabelo de azul. Censurar nossas mãos dadas com uma tarja preta. Tirar uma foto meio avermelhada daquelas velas - as do lado direito - e eu sei exatamente como eu teria enquadrado elas porque tem alguém dentro de mim que vê tudo tão bonito que entorpece.

Como entorpecem as coisas mais simples. O sono, a fome, a champagne ou esse jeito confuso que eu tenho de dizer tudo isso.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Naquela época eu pensava muito sobre coisas inevitáveis, porque elas são muitas. Vento no rosto, folhas que caem no outono, pessoas que olham de lado pra quem usa mochila daquele tamanho, sono depois do almoço, achar que nick drake combina com dias nublados, ver fotos em todos os lugares. Eu gostava de pensar nele como algo inevitável porque as coisas inevitáveis não são necessariamente algo que se queira evitar.
E nunca evitei, mesmo todo aquele tempo depois e aquele jeito e aquele olhar e os fins e os meios e os recomeços e os começos de novo. Nunca evitei porque algumas coisas são inevitáveis. Pensar a respeito deve ser mais uma delas.
Nina Simone é uma gata preta, que morde como um cachorro, parece um lêmure, se enrola como um caracol, senta como um frango e pensa que é gente.

Nina Simone é uma gata preta deitada em cima de uma caixa de vestido Gucci.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Silêncio pode ser o barulho que faz quando eu te dou a mão e você solta ela pra mudar a marcha no carro.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Bem, os gostos e os postos e os opostos, toda aquela gente que a gente guarda dentro do armário, as pirâmides de latas de cerveja vazia, os gatos se espreguiçando nos colos, os hotéis estranhos e os normais demais, as viagens, as andanças, o medo, a certeza, o que já aconteceu, o que pode acontecer, as fotos que a gente tirou, aquele filme que não girou dentro da máquina, o parque lá perto de casa, aqueles tênis vermelhos, a foto de lado no passaporte e o jeito. O jeito.

Não há o que tirar de mim.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

music when the lights go out

É tudo igual sempre, mas se fosse tudo igual sempre o modo como eu me importo não seria tão desigual.


:: libertines - music when the lights go out

"And the memories of the pubs and the clubs
And the drugs and the tubs we shared together
Will stay with me forever
But all the highs and the lows and the tos and the fros
They left me dizzy
Oh darling please forgive me
But I no longer hear the music"

terça-feira, janeiro 16, 2007

Não é nem raiva é só vontade de jogar no lixo tudo que, na mínima forma, me lembre que algum dia perdi algum tempo com algo tão idiota.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Rabiscos

Tenho muitos deles nos meus cadernos e nas agendas dos anos que passaram e nos versos de notas fiscais. Às vezes tenho alguns na ponta dos dedos. Ou saindo junto com o resto de tinta do meu cabelo.

Tenho rabiscos que vão aparecendo à noite, contornando as veias. Alguns saem na água quente do chuveiro. Na costura do travesseiro. Alguns aparecem bem de leve nas cordas das guitarras das bandas que tocam nos shows aos quais eu vou à noite.

Alguns vêm no ar e fazem cócegas ou fazem a caneta bic se mexer.

Outros deixam os sorrisos meio de lado.

Mas tem rabiscos em todo lugar.

:: red house painters - have you forgotten