segunda-feira, janeiro 29, 2007

Naquela época eu pensava muito sobre coisas inevitáveis, porque elas são muitas. Vento no rosto, folhas que caem no outono, pessoas que olham de lado pra quem usa mochila daquele tamanho, sono depois do almoço, achar que nick drake combina com dias nublados, ver fotos em todos os lugares. Eu gostava de pensar nele como algo inevitável porque as coisas inevitáveis não são necessariamente algo que se queira evitar.
E nunca evitei, mesmo todo aquele tempo depois e aquele jeito e aquele olhar e os fins e os meios e os recomeços e os começos de novo. Nunca evitei porque algumas coisas são inevitáveis. Pensar a respeito deve ser mais uma delas.
Nina Simone é uma gata preta, que morde como um cachorro, parece um lêmure, se enrola como um caracol, senta como um frango e pensa que é gente.

Nina Simone é uma gata preta deitada em cima de uma caixa de vestido Gucci.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Silêncio pode ser o barulho que faz quando eu te dou a mão e você solta ela pra mudar a marcha no carro.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Bem, os gostos e os postos e os opostos, toda aquela gente que a gente guarda dentro do armário, as pirâmides de latas de cerveja vazia, os gatos se espreguiçando nos colos, os hotéis estranhos e os normais demais, as viagens, as andanças, o medo, a certeza, o que já aconteceu, o que pode acontecer, as fotos que a gente tirou, aquele filme que não girou dentro da máquina, o parque lá perto de casa, aqueles tênis vermelhos, a foto de lado no passaporte e o jeito. O jeito.

Não há o que tirar de mim.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

music when the lights go out

É tudo igual sempre, mas se fosse tudo igual sempre o modo como eu me importo não seria tão desigual.


:: libertines - music when the lights go out

"And the memories of the pubs and the clubs
And the drugs and the tubs we shared together
Will stay with me forever
But all the highs and the lows and the tos and the fros
They left me dizzy
Oh darling please forgive me
But I no longer hear the music"

terça-feira, janeiro 16, 2007

Não é nem raiva é só vontade de jogar no lixo tudo que, na mínima forma, me lembre que algum dia perdi algum tempo com algo tão idiota.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Rabiscos

Tenho muitos deles nos meus cadernos e nas agendas dos anos que passaram e nos versos de notas fiscais. Às vezes tenho alguns na ponta dos dedos. Ou saindo junto com o resto de tinta do meu cabelo.

Tenho rabiscos que vão aparecendo à noite, contornando as veias. Alguns saem na água quente do chuveiro. Na costura do travesseiro. Alguns aparecem bem de leve nas cordas das guitarras das bandas que tocam nos shows aos quais eu vou à noite.

Alguns vêm no ar e fazem cócegas ou fazem a caneta bic se mexer.

Outros deixam os sorrisos meio de lado.

Mas tem rabiscos em todo lugar.

:: red house painters - have you forgotten