domingo, agosto 26, 2007

17.08.2002

"Eu queria alguém que não se incomodasse com o fato de eu ter escrito minha vida toda a lápis. Que não tentasse, em vão, entender os espaços em branco e as palavras riscadas. Alguém que me aceitasse com todo meu subjetivismo que às vezes é até infantil. Que quando me visse desesperada por ter perdido um poema não me ajudasse a procurá-lo, apenas me abraçasse. Alguém que não se interessasse pelo meu passado; nem pelo meu futuro. Alguém com quem eu aprendesse a não mencionar o passado. Alguém pra quem eu vivesse. Alguém que não tentasse mudar quem eu sou, jamais. Que não ficasse perguntando o porquê de algumas coisas das quais eu simplesmente não gosto. Que não esperasse que eu fosse sempre a mesma pessoa. Eu queria alguém, que assim como eu, não usasse borracha. Que se preocupasse somente em escrever uma vida cheia de erros, riscos e rimas. E 'eus'. Quantos fossem necessários. E que conjugasse os verbos sempre em qualquer pessoa. Independente da pessoa querer. Porque, no nosso mundo, isso só dependeria de nós. Que tivesse tanto orgulho dos meus erros quanto eu tenho. Ou dos seus. Que achasse minhas piores fotos lindas. Que não se decepcionasse comigo se meu Francês não for tão bom assim. E por achar perfeito o simples fato de eu saber detestar em Francês. Que escrevesse 'eu' sempre com a letra minúscula.

(Alguém que quisesse deitar no meu colo. Me abraçar. Get drunk with me. Cantar. Alguém que nunca tirasse as mangas de cima das minhas mãos pra dar as mãos pra mim. Que me deixasse sozinha, às vezes. Que me deixasse dormindo e que não dormisse demais. Que gostasse de MacDonalds. E que nunca levasse a sério qualquer discussão ideológica comigo. (...))

Que me entendesse, ou não me entendesse, como eu mesma."



Às vezes eu gosto de quem eu era.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Mensalmente.

Todo mês eu escrevo um punhado de números em um papel, e somo, e subtraio, calculo quanto gastarei aleatoriamente, e quanto sobra por dia, e quanto vai ser gasto em sushi e... chega num número x que eu não respeito muito, porque acabo equilibrando, dou um jeito e dá pra viver normalmente e ainda por cima comprar um livro.

Todo mês.
Antigamente eu usava esse mesmo papel pra escrever coisas bonitas.