sábado, fevereiro 27, 2010

As pequenas coisas que eu descubro sobre você.

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Ficção n. 37

Um casal desses recém-nascidos caminhava pela rua. Ela ameaçou, rindo besta:
- Acho que vamos encontrar minha mãe.
- Ah é? - Responde com um sorriso calmo.
- Ela trabalha por aqui, sai nesse horário.
Ele beija ela na cabeça. Olha por cima dela pra todos os lados procurando pelo ameaçador desconhecido.
Ela não percebe nada, enquanto abraça ele pela barriga.

domingo, fevereiro 21, 2010

Everything in its right place

Estava com muita coisa certa e muita coisa errada na cabeça e uma dessas coisas era esse trecho, do livro do Efraim Medina Reyes:

"A gente se mete a escrever porque não sabe lutar boxe nem tem colhões para isso, porque tem os dentes tortos e não pode sorrir como gostaria, porque para os impotentes de todo tipo não há outro caminho, porque todos os feios escrevem ou assassinam e a gente não é capaz de matar nem uma mosca, porque escrever dá importância, porque para chamarem alguém de escritor não é preciso escrever bem, mas para chamarem de filho-da-puta não importa se sua mãe é uma santa, porque tem medo de ficar à deriva sem fazer nada, porque não pode beber toda noite, porque ama a Deus mas odeia as sociedades sem fins lucrativos, porque não tem namorada, porque não há emoções mas insultos, porque na sua casa não tem televisão e o rádio quebrou, porque a mulher do vizinho é gostosa, porque tem medo de ficar careca e por isso evita os espelhos. A gente se mete a escrever porque não se atreve a assaltar um supermercado, porque ama a mulher e ela é namorada do garoto esperto da rua, porque não há revistas pornográficas suficientes, porque quer fazer alguma coisa além de cagar e se masturbar, porque não é o garoto esperto da rua nem o garoto forte nem o engraçado, porque é o garoto nada, porque não vale um tostão furado, porque apanha lá fora, porque sua mãe grita o tempo todo, porque não há ilusões nem luz no fim do túnel, porque sua mãe grita o tempo todo, porque sua mente voa baixo e nunca será outro Cioran, porque não tem coragem para saltar, porque não quer a esposa feia que merece, porque tem medo de morrer sem ter comido um belo cuzinho, porque não tem pai, amigos, nem fortuna, porque não tem o jeito de cuspir do Clint Eastwood, porque se paralisa entre uma e outra intenção, porque era uma vez o amor mas eu tive que matá-lo.

O bom é que escrever não serve para nada daquilo que a gente quer. Escrever é um limite, uma dor, um defeito a mais. O bom é que depois de escrever a gente se sente péssimo. Nada mudou, tudo continua no seu lugar (menos você, maldito cabelo), Pelé não volta para o campo. O ruim é que você escreve e o Pambelé cai na lona espancado por um gringo, um maldito gringo que esteve preso por bater na mãe. O ruim é que Pambelé não é a mãe do gringo e – por mais que você escreva – continua caído. O bom é que você escreve e continua sonhando com a mulher do vizinho, sonha que a agarra pelas orelhas e crava-lhe a rola. O ruim é que escrever não cura seus desejos assassinos, que assaltar um supermercado continua sendo o seu objetivo impossível. O ruim é que ainda deseja um amor inesquecível. O bom é que escrever é outra forma de cagar e se masturbar. O ruim é que você lê os grandes autores mas só Bukowski lhe diz alguma coisa. O ruim é que um dia a garota bonita toma conhecimento que você escreve e não deixa que lhe meta fundo, até o outro lado da morte. O ruim é que escrever serve para tudo aquilo que você não quer."

Opa, desculpa a grosseria.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

(Discover a lovelier you)

Eu sou a pessoa que abre a janela e a porta pra ventar e fazer frio pra que possa dormir com edredom mesmo quando não é inverno.
Eu preciso ouvir música pra dormir. Pra acordar. Pra ir da minha casa até o trabalho. Pra escrever.
Talvez eu precise disso mais do que precise ouvir você.
Eu quero as coisas sempre certas: acordar às 7h30 da manhã pra ir no pilates, comer de 3 em 3 horas e ir no médico sempre que me sentir mal. Porque eu não sei ser diferente. Não sei abandonar algo por terminar. Não aprendi a desistir com facilidade. (Mesmo que a dificuldade fique toda só aqui dentro).
Eu estou pensando quando monto meu prato no buffet por quilo (salada, carboidrato integral, proteína...); quando eu escovo os dentes antes de tomar água; quando abro a porta pra sair o vapor depois do banho antes de começar a secar o cabelo.
Eu penso em qual caminho pegar, quando eu chego no bar penso em quem vai dirigir, quando pego a senha penso no que dá tempo de fazer.
Eu penso na roupa que você vai gostar. Penso em onde você gostaria de morar.

Quando na verdade eu só queria parar de pensar.

domingo, fevereiro 14, 2010

First breath after coma

Quando a discussão levar a algum lugar. Quando dois e dois forem quatro. Quando eu conseguir ease my mind.
Quando tudo estiver remediado, e eu conseguir sair do trabalho no horário e acordar aos sábados pela manhã sem lembrar de tudo que falta. Quando eu puder admitir que estou errada. Quando a música tocar na hora certa.
Quando nada mais importar é porque estará tudo bem.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Uma hora a força esgota. Acaba mesmo. A voz não sai, o pensamento não flui e fica só a perplexidade.

sábado, fevereiro 06, 2010

Você sempre está em algum lugar.

Em algum lugar entre o querer e o não querer. Em alguma esquina. Compondo alguma música. Escrevendo pela décima vez a mesma frase pra depois apagar e não enviar. Ali, ou do outro lado.
Perdendo seu dinheiro. Desperdiçando meu tempo. Don't get any big ideas. Você está no carro acendendo um cigarro enquanto pensa se dá a partida. Ou falando mal do meu filme preferido. Beijando alguém cujo nome você não lembra se termina com e ou com a. Olhando pela janela acesa no 13o. andar. Passando as noites com o passado.
Você sempre está em um lugar que fica antes do medo, antes do susto, antes de todas aquelas músicas que você precisa citar pra...
Não importa onde você está. Você está tão longe que nem se dá conta de que tem sempre alguma coisa acontecendo.

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Susp.

(...) Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. (...)