terça-feira, novembro 20, 2012

Oh no, oh my.


Tinha teorizado que um medo genuíno de se apaixonar é um jeito de estar apaixonada.

quarta-feira, novembro 14, 2012

Parêntesis da vida moderna


Eu entendo exatamente o que você sente por mim porque eu sinto isso por outra pessoa.




segunda-feira, novembro 12, 2012

I love you, tomorrow.

Amar como a gente ama um filme antigo que nunca viu mas que sempre ouviu falar tão bem. Olhar como o Gene Kelly olha pra Debbie Reynolds quando, from where I stand, the sun is shining all over. Sorrir como você.
Cruzar uns dois oceanos como aquela vez que você tinha certeza. Achar sinais nas coisas mais idiotas. Imaginar tudo que será pra depois não ser absolutamente nada. Ser o lugar preferido de alguém.
Atravessar os 15 cm do cheiro do teu perfume, ficar na ponta dos pés pra alcançar o teu beijo, ouvir todas as músicas de novo e elas se sentirem de uma forma completamente diferente. Dizer: é isso. E não conseguir acreditar. If I never see you again, you will stay in my mind.

sexta-feira, outubro 19, 2012

This is not a modern rock song.


Um guarda-chuva, um livro vencedor do Pulitzer, uma touca, um copo trazido de Veneza, cada um deixa alguma coisa, mas você deixou bem mais: deixou um buraco enorme e sem sentido no lugar da minha certeza de que no final vai ficar tudo bem.

segunda-feira, outubro 15, 2012

A pair of cowboy boots.


Foi numa dessas noites de me sentir incrivelmente viva, assustadoramente viva.
Após longas despedidas e sorrisos cansados e até semana que vem, descemos as escadas mais apressadamente do que necessário, saímos e encostamos no muro frio.
Ele soprou a fumaça do cigarro entre os lábios entreabertos e como quem comenta sobre o clima, me olhou e disse se você soubesse o quanto é difícil pra mim, você por perto, desse jeito.
Respondi com um sorriso irônico. Ele me olhou sério.
Mas que diabos. Se aquilo fosse verdade, eu me perguntaria se era uma provocação, um desabafo, um elogio. Não sabia.
Ele cerrou os lábios e apagou o cigarro no chão com o sapato. Eu provavelmente nunca saberia.

domingo, outubro 07, 2012

We are here.

Eu queria conseguir escrever em 3 minutos e 51 segundos. Queria conseguir descrever o sentimento de que essa não é a música certa, mas é algo muito perto disso. Queria que esse tempo fosse suficiente pra comportar toda essa sensação de tudo que poderia ser e não é.

Mas não é. Eu não escrevo e não sinto nem tão rápido e nem tão bem assim.

domingo, setembro 30, 2012

Out there on the ice.

A gente aprende a seguir o coração mas poucas vezes alguém menciona que tem mais uns mil corações ao redor, às vezes cada um com seu interesse, e outras vezes uns doze ou uns quinhentos e quarenta e sete com o mesmo interesse que o seu.

Aí a gente aprende a lutar por aquilo que quer, a demonstrar aquilo que sente, mas ninguém gosta muito de quem consegue o que quer e a maioria entra em pânico quando alguém demonstra o que sente.

Tem hora que dá vontade de desaprender tudo, e só ficar vendo o que vai passar.

segunda-feira, setembro 24, 2012

Querido Antônio,

Obrigada pela sua carta. Não tinha muitas esperanças de receber uma resposta, mas fiquei lisonjeada com o seu interesse.
Você pede que que eu fale sobre mim. Bom, não sei muito bem por onde começar. Tenho a pele clara, os olhos castanhos, também claros. Meu cabelo é loiro e bem comprido, mas quase sempre preso em um coque. Me parece em alguns momentos que o cabelo loiro e comprido já não condiz com a minha idade, mas não tenho a coragem necessária pra cortá-lo. Talvez por me lembrar a juventude, os cortejos que recebi pelos meus longos fios, não sei ao certo.
Minha personalidade é difícil de descrever. Eu tento não me afastar nunca do que é importante para mim, ainda que em alguns momentos isso signifique apenas usar uma caneca ao invés de uma xícara para tomar café de manhã. Acho que uma pessoa deve ser fiel àquilo em que acredita. Sou romântica, organizada, gosto de jogar ludo. Tenho dois filhos que não moram comigo e um cachorro chamado Pepe. Ele já tem certa idade.
Mas me fale sobre você. Como você é? Quais seus sonhos? Você tem suculentas em casa?
Me escreva.
Abraços,
Joana.


PROCURO alguém para trocar
cartas manuscritas sobre
plantas SUCULENTAS da
família Asphodelaceae.
Joana, Caixa Postal 5473


(Um presente de aniversário para o blog do Bruno.)

sexta-feira, setembro 21, 2012

A eficácia efêmera do desgosto de Proust.


A gente já saía há algum tempo, pensei que era tudo muito sério, em breve conheceríamos as famílias, deixaríamos roupas pra dormir, almoçaríamos juntos aos domingos. Decidi que era hora de não postergar mais e chegar ao assunto inevitável: meu livro preferido.

Estávamos aconchegados no sofá, eu levantei com alguma cerimônia, fui até meu quarto, peguei o livro. Sentei na frente dele, olhando ele nos olhos.

Com cuidado, botei o livro nas mãos dele. É uma edição econômica de 1986, caindo aos pedaços, com o nome do meu irmão mais velho escrito na folha de rosto e algumas páginas soltas. Coleção grandes sucessos da literatura internacional da Rio Gráfica - Os prazeres e os dias, de Marcel Proust.

Entreguei o exemplar como quem entrega um filhote de gato adoentado. Eu queria que ele se encantasse por aquelas 240 páginas marrons tanto quanto eu. Ele me olhou sorrindo. Pensei que era timidez ou receio, que ele esperava alguma introdução. Fui abrindo as páginas 177, Elogio da música ruim, 176, Eficácia efêmera do desgosto - Olha, esse aqui é foda - 174, Origem das lágrimas que estão nos amores passados. Ele fechou o livro, olhou a contracapa, a capa, mexeu na parte da lombada que tá descolando. Folheou. Uma página solta saiu do lugar.

Ele me olhou e disse: você é a mulher mais incrível que já conheci. Colocou o livro de lado, me beijou. Foi quando olhei pro meu livro preferido em cima do sofá, com uma página solta escapando por debaixo da capa. Me desfiz do abraço, ajeitei a página e levantei sem cerimônia. Fui até meu quarto, guardei o livro, os almoços aos domingos, as roupas pra dormir e os familiares. É um livro de ensaios e de contos muito curtos.

quinta-feira, setembro 20, 2012

O baile


Ensaiei um oi um olá qualquer coisa, a ideia veio durante o banho, e eu tive a certeza de que você me amaria. Não de início, claro. Mas eu faria uma piada tão genial e você sorriria sozinho no trabalho, nesse seu trabalho tão legal, e responderia algo meio receoso mas ao mesmo tempo um pouco animado.

Tá, te vejo no sábado.

Daí sairíamos porque eu te convenci. Pode parecer que não é um bom jeito de começar, mas tenho um amigo muito inteligente que me convenceu de que uma mulher interessante e segura de si pode, sim, dar o primeiro passo, e em alguns casos é uma honra mesmo pro cara, espero que nesse caso seja.

Eu te esperaria com um vestido bonito, nada exagerado, cê sabe, meio despretensioso, e você estaria incrivelmente bem vestido tipo naquele dia que te conheci. Ok, foi a única vez que vi você na vida, mas eu vi fotos, você se veste bem.

A gente conversaria e riria, você escolheria o vinho como um bom homem o faria. Você me contaria histórias incríveis e eu falaria daquele seu livro que eu li que é tão lindo e se relaciona tanto com muita coisa que acho legal, etc, sabe?

Acabaria o encontro e ambos sairíamos com a sensação de que tudo correu bem, um pouco de querer mais e um pouco de querer continuar essa sensação do que temos agora (nada).

Eu chegaria em casa e ligaria pra minha melhor amiga, você dormiria, eu me apaixonaria perdidamente. Acharia que nunca na vida você ia querer ficar comigo, que eu não devia ter contado piada sobre ex namorado, que não devia ter pedido as bruschettas de entrada. Você pensaria poxa que mina legalzinha.

A gente se encontraria de novo, num lugar qualquer, exceto pelo fato de que tudo daqui pra frente não aconteceria porque não moramos na mesma cidade, estado, país, etc.

Aí nos encontraríamos. Você sorriria. Não me beijaria de cara porque não é um filme que precisa acabar daqui 90 minutos. Mas me deixaria com aquela sensação boa de ser a pessoa que o cara mais bonito do baile escolheu.

Eu te convidaria pra me acompanhar numa festa chata. Você iria. Me beijaria talvez no final da festa. Você falaria sobre tudo que pode dar errado. Eu falaria sobre tudo que pode dar certo, embora acreditasse muito mais no que pode dar errado. Mas eu convenceria você mesmo sem acreditar.

E estaria três anos depois na cama à meia-noite, olhando você dormir com a boca entreaberta e os olhos que mesmo fechados são os mais calmos do mundo. Pensaria que queria ter toda essa coragem, de arriscar algo com alguém tão incrível, de ser a mulher que tatuou no próprio corpo algo pra lembrar que tudo passa. Passa o que é bom, o que é ruim, e passam algumas chances que eu tive de ter qualquer coisa com alguém como você.

segunda-feira, setembro 03, 2012

Como um poema do e.e. cummings.


É muito mais legal quando é uma história de amor. Podia ser só uma frase engraçada, uma conversa embriagada, podia ser só alguém querendo contar que teve o dia mais incrível de sua vida, falando sem parar de sorrir, abraçando você com um brilho nos olhos. Mas a gente sempre transforma numa história de amor.

A gente transforma um filme de ficção científica em história de amor. Transforma um pedaço de guardanapo riscado, um esbarrão, um copo de cerveja, uma dança, uma piada, em um mundo infinito de possibilidades e desdobramentos que pelo amor de deus, nunca existiram. E nunca serão.

Mas quem não gosta de uma boa história de amor?

Levo as músicas, todas, pra uma caminhada num dia de sol, e transformo cada letra digitada, cada sorriso e cada centímetro dos 190 e cada amassado da sua camiseta em uma linda história de amor. Pego cada frase, a sua mão encostando sem querer nas minhas costas, a carona que você não ofereceu, a sua pergunta sobre o meu namorado, a mensagem no celular, os olhos azuis, ou verdes, ou sei lá, até a sua namorada, a sua impotência, os e-mails não respondidos, a minha insegurança, 9.934 quilômetros, as mentiras, o nada, todo o nada do mundo, tudo isso, vira uma merda de uma história de amor.

quarta-feira, agosto 15, 2012

Plic ploc


Agradece a deus pelas manchas roxas no interior das coxas, que enquanto não passam de roxo a verde a amarelo e então a coisa alguma, fazem lembrar diariamente de como ela é mesmo uma pessoa de sorte.

terça-feira, agosto 14, 2012

A escova de dente extra.


Quando a gente tenta não pensar em nada, ou em ninguém, ou não começar tudo de novo, os dias passam como pequenos ensaios sobre a monogamia. Talvez seja só uma coisa ocidental, eu não sei.

Nos treinamos pra um distanciamento tão grande que alguns gestos aparecem como denúncias daquilo que na verdade - pra alguns mais, outros menos - foi a primeira coisa que aprendemos a fazer.

E é aí que tanta gente se machuca. Na distância segura inexistente, na incerteza, em deixar ou não o golpe entrar, em conseguir se envolver sem deixar ser derrubado.

O que machuca é que aquela escova de dente extra que está ali pra você na verdade está para qualquer pessoa. Pra algumas mais, pra outras menos.

sábado, julho 28, 2012

There's a part of you nobody sees but me.

Pode ser tarde para, pela primeira vez na vida, ter tudo a perder. Mas talvez seja bom tentar.
Nem que seja pra ter que chorar tudo de volta depois.

Qualquer deslize parece fazer sentido quando ele vem com os seus olhos.

terça-feira, maio 01, 2012

Discos de vinil cabem em caixas de papelão de um tamanho muito específico

O término, mesmo, é tipo a Tracy Chapman cantando Fast Car. Mas dentro do carro tá tocando uma música do The Drums, que fala exatamente sobre isso. Eu ainda tenho a impressão de que prefiro, mil vezes, o silêncio rancoroso ao carinho não correspondido. Prefiro as acusações, os cabos todos espalhados, as caixas de papelão vazias, a janela sem plantas e os meus tênis que você jogou no chão do quarto.

Eu prefiro admitir que isso tudo é uma merda do que manter alguma esperança. Prefiro fazer a minha parte pra que não reste dúvida alguma. Eu prefiro responder que sim do que pensar que talvez não.

Escolho o desconforto e o despreparo de ser eu mesma. Me parece infinitamente mais digno.

segunda-feira, abril 23, 2012

Ter uma vida juntos aparentemente significa que no final nada é seu.

quarta-feira, abril 18, 2012

Lembra quando você era imensamente feliz?

Isso é só um título em um blog pra um vídeo de uma criança brincando com lontras. Aqui, ó.

Mas esses dias conversei com um amigo sobre as coisas que ando lendo, sentindo, e todas essas subjetividades e mesmo sem ter tido acesso a lontras, eu acho que lembro sim.

Acontece que tá tudo espalhado por aí. Tem uma felicidade imensa na vez que saímos pra comprar máscaras de gato e passamos com elas no meio de um cortejo presidencial. Tem felicidade no começo, no fim e no meio de alguns dos meus filmes preferidos. Tem em sair do prédio no meio da tarde e sentir o sol esquentar a parte do pé que aparece quando se está de sapatilha. Tem felicidade no brie com geléia de pimenta, no sashimi bem cortado.

Eu fui imensamente feliz. No dia que decidimos tentar de novo, e eu sorri e dancei por quase 24 horas. No aniversário de uma amiga, em tantos shows. Fui ridiculamente feliz quando caminhei de madrugada em uma ponte cheia de gente em Berlim enquanto um moleque de 18 anos tocava uma guitarra desafinada sozinho. Fui feliz em tantas chegadas e em algumas partidas. Em tantos lugares, alguns distantes e alguns ali, no bar da esquina.

Às vezes menos que isso. Às vezes fui feliz cantando com amigos de madrugada uma música velha. Ou colocando os pés na água gelada enquanto você sorria ali meio de longe.

Tenho medo de auto ajuda, mas em um desses textos que a gente lê na vida quando tá com medo de o avião cair, eu li um sobre isso. Que a felicidade é feita de conforto e alegria momentâneos. Eu concordei e respirei fundo e me convenci de que eu sou imensamente feliz. De vez em quando eu até lembro.

terça-feira, abril 10, 2012

- Um coração imenso,

você disse.
Mas na verdade um dia fiz um exame cardiológico e no final das contas meu coração é bem pequeno. Pena que isso não serve pra nada. Ainda cabe um mundo de coisa nele. E claro que o que cabe também não serve pra nada, exceto pra compor um single hit de uma banda da nossa cidade.

O problema não é o coração. O problema é lembrar.

segunda-feira, março 19, 2012

A vida é cheia.

O cara caminha pela rua cheia das seis horas, só hoje, tocando cavaquinho pra quem quiser ouvir. Penso se ele entrou pra orquestra, ou se conseguiu um beijo da mulher que ama, ou um aumento, ou uma nota de 20 reais esquecida numa calça jeans. Passo rápido, com um sorriso. Me sinto em um clipe do Au Revoir Simone, mas só eu, no mundo inteiro, e ninguém dá bola.

A vida é mesmo cheia de som, e de fúria. É cheia de alguém que pensa na gente o tempo todo e a gente nem imagina. É de portas que se abrem e portas que se fecham e portas que se criam. A vida é um deus, qualquer que seja, correndo silencioso em alguma veia. É um sorriso em outro continente que você gostaria de ter perto.

Hoje a vida parece uma música do Yo La Tengo. Parece um daqueles mil roteiros que ficam só na minha cabeça, que não viram filme nenhum, e que hoje já me bastam.

sábado, março 17, 2012

Your height

Só às vezes, bem de vez em quando, sentir o coração se liquefazer.

segunda-feira, março 05, 2012

Até o dia em que percebeu
que tanta coisa, tanta vida, tanto resto
tinha preparado pra tudo:
menos pra falta de consideração.

domingo, fevereiro 19, 2012

How to disappear completely and never be found

Como que se faz pra terminar? Como fechar todas as portas, trocar todas as fechaduras? Como tirar os móveis, os quadros da parede, os temperos da prateleira da cozinha?

Como é que dá pra voltar atrás, ou só parar, quando tudo era tão concreto?

Como se tira algo da realidade, do dia a dia? Não sei se o silêncio responde. Ou se o que responde é gritar alto, soltar todos os palavrões, apagar tudo, quebrar todos os vasos, matar as plantas, queimar os livros, rasgar as roupas.

Não sei como não ler tudo que denuncia que eu não quero mais. Não sei como não achar as piores coisas.

Não sei porque diabos alguém teria um diário vazio, e a única folha escrita não falaria sobre mim.