quarta-feira, março 20, 2013

LOST IN THE LIGHT


Um dia você me disse que as coisas são só o nome que a gente dá para elas. E, estranhamente, foi nesse dia que eu decidi começar a usar o nome paixão pra toda vez que você completava uma frase minha ou botava a mão nas minhas costas quando a gente caminhava pra algum lugar.

Foi quando a gente começou a dar nomes pras coisas que o que tínhamos deixou de ser suficiente pra ser algo com nome difícil e complicado e distante daquele primeiro sorriso que me prendeu.

Quando usamos, em nós mesmos, toda nossa habilidade com as letras e as palavras e as definições, aquela beleza e a liberdade que me bastavam pra te ter por perto se perderam nas entrelinhas.

Enchemos tudo de nomes e palavras que começaram cantadas feito uma música do Chico Buarque ou garranchos alcoolizados em guardanapos - e terminaram resmungadas como um ditado em alguma caixa postal eletrônica que nunca é ouvida.

Um dia você me disse que as coisas são só o nome que a gente dá pra elas. E completou, bem baixinho, pra me consolar: nada disso está realmente acontecendo.