Nervos
Um lance que começa ali no meio do estômago, sobe até os ombros, brinca atrás dos cabelos e pára na ponta dos dedos: vai, vai, vai.
sexta-feira, abril 30, 2010
segunda-feira, abril 26, 2010
Pés no chão
Nunca fui objetiva, me acostumei com as entrelinhas. Elas sempre costumaram me aliviar de qualquer coisa, sem que eu precisasse me justificar pra alguém, sem responder perguntas, do jeito que aprendi desde pequena: minding my own business.
Ainda não desisti da subjetividade, e voltarei a ela na próxima oportunidade. Mas só por essa noite pensei em dizer de outro jeito.
Comentei há alguns dias com uma amiga que ultimamente me sinto em um consultório de psicólogo quase o tempo todo. Não só pela verborragia sem fim. Mas por pensar, falar, concluir, confundir, presumir.
Acho que estamos tão cansados, que talvez isso tenha nos restado entre o medo de um próximo passo e a inércia.
A gente fala sobre os nomes, a troca de olhares, o passado que esqueceu, o que ainda atormenta, falamos sobre as bebidas, os livros, as canções e toda nossa genialidade. O difícil mesmo é ir além disso. Difícil é vencer todas as memórias e conselhos que esterilizam os abraços e os beijos e garantem o pé que sempre está lá atrás porque, você sabe, pode acontecer tudo de novo.
Conversamos e sacamos tanto tudo isso que agora eu penso bem e concluo, mais uma vez, ser melhor recuar. Mas quando foi, mesmo, que era pra pensar a respeito?
E quando é que, pensando, alguém vai escolher entrar nessa? Quem vai optar por passar a noite em uma pista cheia de luzes nervosas e adolescentes presunçosos pra no final ter quem abrace e pergunte: ‘o que você quer fazer agora?’ Quem será insano a ponto de citar de novo todas aquelas bandas, gravar um disco, convencer a menina de que ela é a garota mais linda daquele lugar? Quem vai conhecer família, esquecer quem é, dormir fora de casa e ter somente uma escova de dentes em outro bairro da cidade? Quem vai deixar que alguém conheça cada milímetro seu pra depois decidir mudar de cidade, estado, país?
Paro e penso: eu não.
Mas quem vai fazer o trabalho sujo, abrir mão de tudo que aprendeu e conquistou, ouvir mil vezes a mesma música, falar em alto e bom som, abrir o peito e deixar o golpe entrar? Quem é que tá afim de mostrar alguma vulnerabilidade em troca de uma companhia que faça sorrir uma vez por semana?
Duvido que você o faça.
Duvido que alguém com o mínimo de sanidade o faça.
Nunca fui objetiva, me acostumei com as entrelinhas. Elas sempre costumaram me aliviar de qualquer coisa, sem que eu precisasse me justificar pra alguém, sem responder perguntas, do jeito que aprendi desde pequena: minding my own business.
Ainda não desisti da subjetividade, e voltarei a ela na próxima oportunidade. Mas só por essa noite pensei em dizer de outro jeito.
Comentei há alguns dias com uma amiga que ultimamente me sinto em um consultório de psicólogo quase o tempo todo. Não só pela verborragia sem fim. Mas por pensar, falar, concluir, confundir, presumir.
Acho que estamos tão cansados, que talvez isso tenha nos restado entre o medo de um próximo passo e a inércia.
A gente fala sobre os nomes, a troca de olhares, o passado que esqueceu, o que ainda atormenta, falamos sobre as bebidas, os livros, as canções e toda nossa genialidade. O difícil mesmo é ir além disso. Difícil é vencer todas as memórias e conselhos que esterilizam os abraços e os beijos e garantem o pé que sempre está lá atrás porque, você sabe, pode acontecer tudo de novo.
Conversamos e sacamos tanto tudo isso que agora eu penso bem e concluo, mais uma vez, ser melhor recuar. Mas quando foi, mesmo, que era pra pensar a respeito?
E quando é que, pensando, alguém vai escolher entrar nessa? Quem vai optar por passar a noite em uma pista cheia de luzes nervosas e adolescentes presunçosos pra no final ter quem abrace e pergunte: ‘o que você quer fazer agora?’ Quem será insano a ponto de citar de novo todas aquelas bandas, gravar um disco, convencer a menina de que ela é a garota mais linda daquele lugar? Quem vai conhecer família, esquecer quem é, dormir fora de casa e ter somente uma escova de dentes em outro bairro da cidade? Quem vai deixar que alguém conheça cada milímetro seu pra depois decidir mudar de cidade, estado, país?
Paro e penso: eu não.
Mas quem vai fazer o trabalho sujo, abrir mão de tudo que aprendeu e conquistou, ouvir mil vezes a mesma música, falar em alto e bom som, abrir o peito e deixar o golpe entrar? Quem é que tá afim de mostrar alguma vulnerabilidade em troca de uma companhia que faça sorrir uma vez por semana?
Duvido que você o faça.
Duvido que alguém com o mínimo de sanidade o faça.
domingo, abril 25, 2010
sábado, abril 24, 2010
segunda-feira, abril 19, 2010
quarta-feira, abril 14, 2010
Sense.
O cara que pede 6 sachês de ketchup. As capas das revistas femininas. Desenhos feitos em areia dentro de uma lâmpada. O travesti que me olha estranho. Resto de sangue no chão. Todas as músicas do The National. A mensagem, as mensagens. O homem que morreu atropelado. O coração pintado no CD. Gente me enrolando. Nove mil reais. Aviões no céu azul. Na tempestade. Caindo em cima das casas. A vizinha que toca piano. As plantas das quais eu não lembro o nome. As pessoas das quais eu não lembro o nome. Tudo escrito errado. Novecentos reais. O gato que me olha preguiçoso do sofá. Deitar com o cabelo molhado e não ter certeza de conseguir levantar. I feel it all.
O cara que pede 6 sachês de ketchup. As capas das revistas femininas. Desenhos feitos em areia dentro de uma lâmpada. O travesti que me olha estranho. Resto de sangue no chão. Todas as músicas do The National. A mensagem, as mensagens. O homem que morreu atropelado. O coração pintado no CD. Gente me enrolando. Nove mil reais. Aviões no céu azul. Na tempestade. Caindo em cima das casas. A vizinha que toca piano. As plantas das quais eu não lembro o nome. As pessoas das quais eu não lembro o nome. Tudo escrito errado. Novecentos reais. O gato que me olha preguiçoso do sofá. Deitar com o cabelo molhado e não ter certeza de conseguir levantar. I feel it all.
domingo, abril 11, 2010
Passos
Não deve ser por nada, mesmo, que sento com você em algum café do lado feio da cidade, só pra concordar que estamos todos na mesma merda.
Você está quando caminha pro lado errado e não vai atrás daquela que deveria, quando começa algo só pra saber que não é isso que você quer, quando somente vive depois que desistiu de buscar qualquer coisa, quando ainda espera que algo lá no passado, já morto, seja a melhor opção pra pensar a respeito.
Eu erro em interpretar errado as fagulhas, as dos outros e as minhas próprias, e em não me fazer clara por simplesmente não saber (ou por medo de sacar a coisa toda).
Mas temos um ao outro, os piores conselhos do mundo, as conversas sem sentido, as comidas quentes aos domingos e os vinhos brancos e tintos quando necessários. Temos o apoio incondicional e toda liberdade pra deitar abraçar e chorar em um ombro amigo nas noites em que a ausência for maior do que a embriaguez. Mas preferimos não chorar.
Temos nossos passos, lado a lado, um tanto trançados.
As músicas tristes. As justas, e aquelas palhaçadas todas. As piadas, os sorrisos e eu me tenho sozinha, vezemquando, pensando se faz sentido querer sair daqui.
Someone somewhere says they've got it all
But that's not even what we want
Not even close.
Não deve ser por nada, mesmo, que sento com você em algum café do lado feio da cidade, só pra concordar que estamos todos na mesma merda.
Você está quando caminha pro lado errado e não vai atrás daquela que deveria, quando começa algo só pra saber que não é isso que você quer, quando somente vive depois que desistiu de buscar qualquer coisa, quando ainda espera que algo lá no passado, já morto, seja a melhor opção pra pensar a respeito.
Eu erro em interpretar errado as fagulhas, as dos outros e as minhas próprias, e em não me fazer clara por simplesmente não saber (ou por medo de sacar a coisa toda).
Mas temos um ao outro, os piores conselhos do mundo, as conversas sem sentido, as comidas quentes aos domingos e os vinhos brancos e tintos quando necessários. Temos o apoio incondicional e toda liberdade pra deitar abraçar e chorar em um ombro amigo nas noites em que a ausência for maior do que a embriaguez. Mas preferimos não chorar.
Temos nossos passos, lado a lado, um tanto trançados.
As músicas tristes. As justas, e aquelas palhaçadas todas. As piadas, os sorrisos e eu me tenho sozinha, vezemquando, pensando se faz sentido querer sair daqui.
Someone somewhere says they've got it all
But that's not even what we want
Not even close.
sexta-feira, abril 09, 2010
"Passou devagar os dedos sobre os pêlos crespos do peito dele. Se houvesse mais luz, agora poderia ver os pêlos se adensando grisalhos em direção ao umbigo, e quem sabe até mesmo sentir então o que sentia sempre: aquela espécie de piedade comovida, semelhante a algo que tinham dito, certa vez, chamar-se carinho, ternura, amor ou qualquer outra coisa dessas. Mas no escuro, apenas sentindo os pêlos macios e frágeis cedendo sob a pressão das pontas de seus dedos, assim, agora: não sentia nada. Uma secura como a do cigarro que tragou novamente, queimando com raiva a garganta. Tossiu."
Escrever serve para tudo aquilo que você não quer.
Eu falei a verdade pra mim, só pra mim, em silêncio, e mesmo assim já foi de doer.
Escrevi em um pedaço de papel, que deixei derreter em um copo de água da torneira.
Acho que leva algum tempo pra separar a imaginação da realidade; e a tralha desimportante e sem rosto de cada dia daquilo que é tão (in)certo que dói. Eu ainda estou esperando.
Eu falei a verdade pra mim, só pra mim, em silêncio, e mesmo assim já foi de doer.
Escrevi em um pedaço de papel, que deixei derreter em um copo de água da torneira.
Acho que leva algum tempo pra separar a imaginação da realidade; e a tralha desimportante e sem rosto de cada dia daquilo que é tão (in)certo que dói. Eu ainda estou esperando.
quinta-feira, abril 08, 2010
segunda-feira, abril 05, 2010
domingo, abril 04, 2010
quinta-feira, abril 01, 2010
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