Vertigem.
- É a vontade de se jogar, e não o medo - Disse ele, apoiando a cabeça sobre os braços cruzados no parapeito do 5º andar.
Ela pensou que sabia da onde ele tinha tirado isso. E largou o corpo sobre o parapeito, a franja caindo sobre o rosto.
Ele ficou olhando pra ela como quem olha pra uma amiga e uma amante e uma filha e uma desconhecida.
E ela ficou sem perceber que a vertigem não era só física. Que ao mesmo tempo em que ela queria o impacto do chão no seu crânio ela queria o impacto daquele estranho, ou de outros mais estranhos ainda, na sua vida. Queria a bagunça.
Queria errar.
E ele, quase desconhecido, foi o único a presenciar o leve impulso que a fez escolher a primeira. O impacto no crânio era muito mais fácil do que o impacto na vida.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário