segunda-feira, maio 03, 2010

O barulho do gato

Falou a verdade: que os dedos passeavam lentos sobre o teclado surrado, os fones de ouvido na cabeça e os olhos por cima do monitor, talvez uma olhada pro lado e ele lançava um sorriso besta.
Ela ria de volta. A pouca idade, o sono atrasado, o cabelo ruim. Um salário bem mínimo gasto de forma imprudente porém sincera.
Ela começava um namoro novo e ele começava uma vida nova em outro lugar, sonhando ainda com um passado. (Um tipo desse que a gente insiste que é pra toda a vida, aquele sempre suspirar e sempre comparar e sempre achar que é aquilo sim a coisa real, a coisa toda.)
Ela percebeu mas não se apaixonou pelas onomatopéias e pelo andar meio sem jeito e pelo sorriso mortal. Ele não se apaixonou porque, você sabe, é isso que normalmente acontece.
Mas agora, depois de tanto tempo, ela nua às 5h da manhã, o cabelo bagunçado, a maquiagem borrada, as coxas brancas prendendo a perna dele e tanta coisa na cabeça, vai saber. Pareceu um risco que alguém esqueceu de evitar.

3 comentários:

Sol disse...

esse texto tem uma entrelinha braba, ui.

Anônimo disse...

você tem o dom de deixar as pessoas curiosas

jeffrey disse...

verdade