quinta-feira, setembro 20, 2012

O baile


Ensaiei um oi um olá qualquer coisa, a ideia veio durante o banho, e eu tive a certeza de que você me amaria. Não de início, claro. Mas eu faria uma piada tão genial e você sorriria sozinho no trabalho, nesse seu trabalho tão legal, e responderia algo meio receoso mas ao mesmo tempo um pouco animado.

Tá, te vejo no sábado.

Daí sairíamos porque eu te convenci. Pode parecer que não é um bom jeito de começar, mas tenho um amigo muito inteligente que me convenceu de que uma mulher interessante e segura de si pode, sim, dar o primeiro passo, e em alguns casos é uma honra mesmo pro cara, espero que nesse caso seja.

Eu te esperaria com um vestido bonito, nada exagerado, cê sabe, meio despretensioso, e você estaria incrivelmente bem vestido tipo naquele dia que te conheci. Ok, foi a única vez que vi você na vida, mas eu vi fotos, você se veste bem.

A gente conversaria e riria, você escolheria o vinho como um bom homem o faria. Você me contaria histórias incríveis e eu falaria daquele seu livro que eu li que é tão lindo e se relaciona tanto com muita coisa que acho legal, etc, sabe?

Acabaria o encontro e ambos sairíamos com a sensação de que tudo correu bem, um pouco de querer mais e um pouco de querer continuar essa sensação do que temos agora (nada).

Eu chegaria em casa e ligaria pra minha melhor amiga, você dormiria, eu me apaixonaria perdidamente. Acharia que nunca na vida você ia querer ficar comigo, que eu não devia ter contado piada sobre ex namorado, que não devia ter pedido as bruschettas de entrada. Você pensaria poxa que mina legalzinha.

A gente se encontraria de novo, num lugar qualquer, exceto pelo fato de que tudo daqui pra frente não aconteceria porque não moramos na mesma cidade, estado, país, etc.

Aí nos encontraríamos. Você sorriria. Não me beijaria de cara porque não é um filme que precisa acabar daqui 90 minutos. Mas me deixaria com aquela sensação boa de ser a pessoa que o cara mais bonito do baile escolheu.

Eu te convidaria pra me acompanhar numa festa chata. Você iria. Me beijaria talvez no final da festa. Você falaria sobre tudo que pode dar errado. Eu falaria sobre tudo que pode dar certo, embora acreditasse muito mais no que pode dar errado. Mas eu convenceria você mesmo sem acreditar.

E estaria três anos depois na cama à meia-noite, olhando você dormir com a boca entreaberta e os olhos que mesmo fechados são os mais calmos do mundo. Pensaria que queria ter toda essa coragem, de arriscar algo com alguém tão incrível, de ser a mulher que tatuou no próprio corpo algo pra lembrar que tudo passa. Passa o que é bom, o que é ruim, e passam algumas chances que eu tive de ter qualquer coisa com alguém como você.

2 comentários:

Túlio disse...

escreva mais, Sol!

Carolina disse...

:)