quarta-feira, fevereiro 19, 2003

"ai"
O jantar para os dois casais amigos. Na parede uma das mulheres nuas de Modigliani.
Tanta festa, muito riso: o lombinho uma delícia. Até que um dos maridos:
- Essa moça do quadro. Ela sorri para você?
- É o meu consolo das horas mortas.
A dona acode, oferecida:
- Ela sou eu, não é, bem?
Um murro na mesa estremece prato e espalha talher:
- Ela é você? Quando você teve esse amor desesperado nos olhos? Esse perdão infinito na boca?
Outro soco espirra vinho tinto na toalha:
- Não se conhece, sua bruxa?

(do inconfundível Dalton Trevisan, em seu irretocável "111 ais")

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