domingo, dezembro 15, 2002

- Me diz onde dói.
- Eu não sei.
- Aqui?
- Não.
- Aqui?
- É, um pouco, não sei. Pára de encostar em mim.
- Eu só tô querendo ajudar.
- Apertando onde dói tu vais ajudar?
- Vou saber onde, e...
- Vais fazer parar?
- Talvez.
- Não quero correr esse risco.
- Mas é assim que funciona. Eu descubro onde dói e vejo se tem como fazer parar.
- Daí é tarde demais. Daí tu já me machucasses.
- Ai, como tu és...
- Prevenida?
- Não!
- Sou sim.
- Se você fosse prevenida não estaria machucada.
- Algumas coisas são inevitáveis.
- Eu sou uma delas?
- Não. Eu te odeio.
- Por quê?
- Por ter me machucado.
- Então eu sou inevitável?
- Não (mais). Não quero falar sobre isso. Só vai embora.
- Por que pedisse pra eu vir, então?
- Porque eu sou tola. Vai embora.
- Vai continuar doendo?
- Se tu não ficares cutucando, logo passa.
- Certeza?
- É. Vai embora. Eu te chamei pra me ajudar e tu acabasse me machucando.
- Eu não tive a intenção.
- É, claro que não teve. Mas também não te importas.
- Pára de ser assim, você é louca.
- Problema meu.
- Tá. Eu vou indo então.
- Não te importas, né?
- Tá vendo como você é?
- Te importas ou não?
- Me importo. Mas sabes que não posso fazer nada além disso.
- Fizesse algo além disso...
- Eu não sei o que te dizer. Preciso ir.
- Como sempre.
- Não seja assim.
- Tchau, tchau... Eu fico melhor sozinha.
- Quer que eu chame alguém pra te ajudar?
- Não. Sai daqui.
- Te cuida.
- Jogador...

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