terça-feira, setembro 24, 2002

"A gente tão um só
E eu esqueço até meus sonhos
"

Doeu um pouco achar um caderno antigo. Ver muita coisa que eu vivi que foi bonita demais pra ser verdade.
E é tolice minha ficar assim depois de tanto tempo, eu sei. Eu não escolho. Ou escolho? O fato é... Não é. O problema é esse cheiro de passado. O problema são as palavras lindas, o problema é... piercing na língua! Sim 'aqui dentro' fez um sentido bem bobo. Um sentido bem engraçado, até. E nostalgia é uma merda.
Mas eu vivi muita coisa boa... Tanto que dói. Dói talvez estar agora onde eu sempre sonhei e ainda não encontrar algo que me faça tão bem. Uma cama boa como a minha, uma paz tão grande quanto aquela, um "medo-bobo" tão envolvente quanto tantos, um motivo.
Um motivo pra eu sentar na ponta da minha cama e chorar de alegria. Chorar compulsivamente e chegar a ter medo, de tão perfeitas que as coisas são, às vezes. Vocês sabem o que é isso? Eu soube. E sei agora o quão angustiante é ter um passado bonito demais.
Sei como dói lembrar. Como dói ter sido tão amada. E ter medo de que agora ninguém mais seria capaz disso. Ninguém que mudasse a letra de uma música pra cantar 'blue eyed girl' pra mim. Que compusesse (?) uma canção comigo, que prometesse me colocar nos agradecimentos de um CD (né, fucking special?), que, do nada, fizesse um jantar pra mim, comprasse minha pizza preferida e me agradecesse por 'tudo'. Que me entendesse e me surpreendesse e fizesse disso um gesto de amor. Que tivesse medo de dizer "eu te amo". É, talvez.
Mas é difícil encontrar o que anule meu medo e faça "isso" passar. Porque o passado sempre foi algo difícil pra mim. E eu sempre fui mal-resolvida.
Mas cansa. Dói lembrar. E é difícil esquecer.
Dói.
É difícil.

Post-Scriptum: E mesmo assim, é besteira. Porque eu tenho tanta coisa agora que é tão doce, me faz tão bem, ainda que, de alguma forma, 'não seja'... Não sei, eu. Que nunca soube de nada, ao certo. E que queria lembrar de tudo, com somente um sorriso no rosto em vez de doer. Que queria. Que queria, e que no fundo, ama. Mas. Isso é coisa que já passou. Que não combina com hoje, eu sei. E eu, só um pouquinho, não queria estar aqui. Não queria concordar com o Lobão, quando é noite, e "suas lágrimas que nunca brotaram inundam sua alma, inundam sua alma".

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