quinta-feira, setembro 05, 2002

I always cry at endings

quarta-feira, 4 de setembro de 2002. - 21h30min
E ele foi uma das pessoas mais inteligentes, em todos os sentidos, que eu conheci...ever. A mais. E eu daria tudo pra acalmá-lo em seu último suspiro. Tudo pra que ele não sofresse. E, ainda assim, eu tenho a esperança de que ele estivesse feliz. Primeiro colocado em seu curso, alegre, o orador do nosso grupo, tirou as melhores fotos, treinamento para o ótimo emprego, fazendo shows com sua banda, sorrindo sempre. E eu queria poder lembrar da última vez em que o vi. Queria poder ter entregue o texto que eu levei pra ele hoje de manhã, na aula. Queria ter sido recebida com o sorriso dele, porque a gente iria escrever juntos o texto pro nosso trabalho, e não com os olhos cheios de lágrimas de todo mundo. Queria não ter ouvido aquilo. Jamais. Mas ouvi.
Então eu sentei na escada e fiquei lá por tempo suficiente pra não saber de mais nada. E subi correndo e tropecei e machuquei minha mão socando a parede. "Gritando baixinho" todos os palavrões que eu conhecia. Chorando desesperada. E mesmo assim, fui. Fui mesmo sabendo que iria doer, mais. E a única coisa que consegui e pensei e disse pra mãe dele foi: "A senhora fez um filho maravilhoso". E daí fiquei longe, vendo ele. Vendo ele como alguém que merecia o melhor, sempre. E um pouco feliz por ele sempre ter sido reconhecido por seu verdadeiro valor. Um pouco feliz por ele ter 'ido' me devendo 8 reais. Que ao menos isso ele tenha levado de mim. Que leve tudo que a gente passou junto, a forma como às vezes ele era o único que me entendia, a forma como eu tinha dito que ele era o homem perfeito, que eu ainda iria casar com ele. A forma como ele fazia pipoca como ninguém. E como ele gostava de mim, de um jeito meigo. E como ele abraçava e vinha alucinado com o Café. A forma como ele conhecia todos os filósofos. E muitas línguas. Ele era de todos, a pessoa que mais sabia. Genial, simples. E como ele me contava das fugas do seminário. E como ele sabia. E como ele discutia a gramática alemã comigo, e como ele pronunciava tão bem. As fotos que ele tirou. A foto dele, que eu mostrei orgulhosa: "esse cara..."
Porra, Júlio, volta.

Júlio Valdemar Pacheco, "Reverendo", 26 anos. In memorian

E que droga, que merda. As pessoas morrem. #

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